Adolescente do primeiro colegial engravida de um colega de classe aos 16 anos de idade. Ao contar para seu pai sobre sua gravidez recebe total apoio e ajuda. Juntos encontram um casal disposto a adotar seu filho antes mesmo de nascer, a interessada é uma mulher com boas condições financeiras além do enorme desejo de ser mãe. Essa é a trama do filme Juno, um filme engraçado e sarcástico, mas que infelizmente não é condizente com a realidade da maioria das adolescentes que passam por situações como esta. Na vida real as dificuldades vão muito além do não estar preparada.
Segundo pesquisas realizadas pelo IBGE o número de adolescentes grávidas entre 15 e 24 anos é de aproximadamente 22%. Em classes menos favorecidas a porcentagem de meninas grávidas e com maior número filhos é superior do que em classes com maior aquisição. No Brasil, a maioria de casos assim concentra-se em áreas rurais e a região que ocupa o primeiro lugar no ranking é o Centro Oeste. Baseado em estudos a cerca da população jovem no Brasil, pode-se afirmar que paralelamente ao declínio dos níveis gerais da fecundidade, houve uma mudança em seu padrão etário, ou seja, o número de fecundidade das jovens brasileiras teve um aumento expressivo, ao mesmo tempo em que se pode notar uma redução nas taxas de fecundidade de mulheres com mais idade.
A pedagoga Sara de Almeida está acostumada a lidar com casos assim constantemente, ela é diretora do Lar das Crianças de Lourdes, fundada pelo farmacêutico, já falecido, Lino de Almeida e sua esposa Maria da Paz de Almeida. O casal começou recebendo crianças carentes em sua própria casa e só depois receberam um espaço cedido pelo governo. Além do espaço, o governo contribui com uma renda mensal que paga os funcionários do local deixando como responsabilidade dos donos as despesas com moradores, como alimentação, roupa e higiene. A instituição presa em abrigar crianças que não tem onde morar, por abandono ou problemas com os familiares. Esse é o caso da adolescente Ana de 16 anos que foi acolhida pela pedagoga quando tinha ainda 14 anos, a menina estava grávida e foi expulsa da casa de sua irmã que não aceitou o bebê. “Muita coisa mudou depois do bebê, hoje não saiu mais e sou vista de outra maneira por meus colegas. Fui obrigada a amadurecer mais rápido”, explica Ana. Os traumas para uma criança que têm sua vida modificada tão rapidamente são vários e por isso o abrigo contratou uma psicóloga para cuidar dessas adolescentes que muitas vezes não tem nem mesmo o corpo preparado para ser mãe. De acordo com a doutora Jéssica Sampaio o tratamento com meninas nessa situação tem que ser mais sutil, pois elas muitas vezes se vêem preparadas para assumir tal responsabilidade, quando na verdade não estão. Isso ocorre principalmente antes do nascimento do bebê, e qualquer decepção ou aborrecimento pode fazer com que abandonem as seções.
Marta é outro caso de gravidez precoce que chegou a Sara, dessa vez um pouco diferente, pois Marta foi deixada lá quando ainda era bebê, não chegou a conhecer sua mãe e seu pai só aparece aos finais de semana, “nem vejo, nem converso com meu pai. Ele aparece uma vez na semana pra visitar minha irmã que fica aqui também” conta a menina. Ela fugiu do abrigo e na rua conheceu o garoto de quem engravidou, quando descobriu a gravidez voltou para o Lar de Lourdes e o garoto foi para Goiânia, onde residem os pais.Espaços que acolhem adolescentes grávidas nem sempre é a opção que elas fazem, pois querem continuar com o companheiro e por isso se submetem a condições extremamente constrangedoras. Assim ocorreu com Laura, que aos 14 anos foi expulsa de casa por está grávida. A menina é moradora de Samambaia e era criada por tias e a avó desde que a mãe foi presa por envolvimento com drogas, sem querer abandonar o namorado se viu obrigada a pedir para ficar na casa dele, ele conversou com o pai, que aceitou, mesmo sem concordar com a atitude do filho. Laura diz que é destratada, mas não quer ficar longe do pai de seu filho.
Pensando em casos como estes, adolescentes sem preparação para ser pais, o governo promove há alguns anos a campanha de planejamento familiar, que em 2008 teve o slogan “Se cuide, filho não é brincadeira”. A campanha foi idealizada pelo Ministério da Saúde com a intenção de cumprir o compromisso firmado pelo presidente Lula, de ampliação do acesso a informação e aos métodos contraceptivos disponíveis no SUS, Sistema Único de Saúde, garantindo que a mulher e homem decidam quantos filhos querem ter e quando querem ter. A campanha de Planejamento Familiar foi veiculada através do rádio e da televisão no período de 09 a 22 de março, além de cartazes e anúncios em revistas.
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