domingo, 5 de outubro de 2008

Erro dos grampos?

A conversa gravada entre Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) trouxe grandes suspeitas sobre alcance dos grampos telefônicos. Em 2007, foram feitos 409 mil grampos em telefones fixos e móveis, autorizados pela Justiça. Diante disso, a preocupação com as escutas cresceu e impulsionou a venda de produtos para fazer e bloquear escutas.

Tal situação abre espaço para alguns questionamentos. Os grampos colocam em risco toda uma liberdade conquistada após a ditadura? Ou quem não deve nada pode abrir mão de alguns direitos e garantias individuais?

Além das pessoas de má-fé que podem usar desse tipo de informação como instrumento de chantagem e extorsão, alguns agentes de órgãos policiais e de fiscalização, entrevistados pela Folha de S.Paulo, dizem usar extratos telefônicos para "mapear" a rede de relacionamento de seus potenciais alvos durante a fase que antecede à instauração do inquérito. Esses dados também são muito usados em investigações policiais.

A “Grampolândia” divide muitas opiniões. Em depoimento à CPI dos Grampos, o general Jorge Félix, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, afirma que a única forma de escapar de escutas é não abrindo a boca. Já o presidente do TSE, Ayres Britto, garante que se preocupa muito com a prática dos grampos, por colocar a privacidade das pessoas em risco, em nome da segurança do Estado. Diante dos fatos, permito-me dizer que, quando a causa envolve o bem da população, o erro não está nos grampos, mas nos que se mostram corruptos.

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